Desabafo

Reconheço-me nas crianças sorridentes,
Vislumbre de dias que o tempo levou...
Há tanto para viver, aprender, relevar, perdoar, pedir perdão...
Tempo de repensar, amar incondicionalmente,
Acreditar novamente na sinceridade da humanidade
Apesar do sofrimento e das marcas que o tempo não apagou...

Quisera eu estar pronta para doar o mais nobre dos sentimentos
Abraçar meu irmão sem nome,
Brincar com o menino malabarista de ruas tão diferentes de um lar.

Onde estás, minha coragem?
Preciso de ti para mudar o rumo da minha vida,
Encontrar meu ”caminho do meio”, fazer a diferença a cada dia
Cumprir minha missão...
Penso, reflito, mas não tomo iniciativa...

O que falta para começar a agir?
Serei eu gota no oceano? O grão de areia no deserto?
Por que tenho em mim este sentimento que me aperta o peito,
Me deixa perplexa diante da minha própria passividade?
Afinal, onde mora a felicidade?
Sou FELIZ, mas não basta, não está completa...

Complexidade, romantismo, palavras sem efeito...
Comprometer-me em realizar projetos sociais,
Descobrir uma nova profissão,
Ser uma pessoa melhor, agir e AMAR sem talvez ou senão...

Há tanto tempo não escrevia, não registrava o que sentia...
Sou emoção à flor da pele, sorrio porque a alegria transborda,
Choro porque o mundo me comove.
Lá fora, chove...

Eu escrevo, o tempo não pára
Os jovens envelhecem, as crianças crescem,
As pessoas se abraçam, se amam, se matam, se esquecem, se lembram...

Nesse louco desabafo, procuro me entender, aprender...
O tempo, ah, o tempo...esta condição de marcarmos nossos passos,
Adiarmos nossos planos, amenizarmos sofrimentos,
Apagarmos ressentimentos...

Tempo de viver todos os dias como se não houvesse amanhã
Tempo de amar e demonstrar, não porque é Natal,
Mas porque este verdadeiro e sublime sentimento
É o único capaz de operar milagres, recuperar o perverso
Inundar de paz e alegria a humanidade.
( Pati Schelb - dezembro de 2005 )